COLHENDO

O profundo revela-se no raso,

a angústia revela o quão profundo

é o mar de tristeza, cujo mundo

é um mundo de dor e de descaso.

Minha dor não é dor vinda do acaso,

nem meu caso de dor é deste mundo.

Não existe um lavor tão vil, fecundo...

Com a dor, fora mim, quem tem um caso?

Quem me dera despir-me deste encargo!

O que sorvo, por que é tão amargo?

O desgosto, por que, tão interrupto?

Se padeço é porque causei gemido...

Magoei e por isso estou ferido...

Não acuso meu mal de ser corrupto!