Algum soneto
Os quadros opacos pela minha dor
Refletem a imagem brutal da ferida
Nos meus olhos em fogo quanto horror!
Que pode da boca uma palavra proferida?
O sonho é meu descanso de amor.
Deito-me em cama de lembrança sentida;
Mas acordo doentio pelo triste clamor
Da minha alma ainda correndo perdida.
Meus dedos se estender em clemência.
Vem alma, deitar-te em meu corpo,
Antes das grades fechadas da demência!
E vem o frio, como suspiro cortante,
Ferir o meu pálido retrato torto,
Já sem forma, boiando em fios de sangue.