"Tão linda"... a garganta, naquele dia,

"Tão linda"... a garganta, naquele dia,

travada e sedenta, gritando muda,

soltou, como ninfas novéis na brisa,

palavras, num rogo revel de ajuda.

Jamais, nem no sonho mais pio de vida

ou morte, nem tendo a negada fruta,

senti, nos meus olhos, a dor falida

do saber-me a nulidade absoluta;

e mesmo em tal modo, pescado, ousei

na total hipnose do amor preciso,

dizer que é tão linda... e tão linda amei...

Pequei, como peca o feliz cativo;

e tal felizardo eu, assim, virei;

por amar estar preso em local proibido.

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 21/01/2018
Reeditado em 19/11/2020
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