SEMPRE APARECE UM AMIGO

Arrancaram-lhe da moribunda carcaça

o espírito ensandecido; arqueia-se encrispado

e cheio de sede e sanha busca a cachaça

entre andrajosos seres presos do outro lado.

Por vezes perde-se em tufos de fumaça

e buscam arrastá-lo ao fundo trasgos deformados

que esgargalam-se; vem mais um e outro passa

deixando rastros de podridão tais desgraçados.

Enfim encontra numa tasca um encarnado

que se farta com a etílica bebida, palreiro;

engolfado pela negra aura absorve a emanação.

A sede corre solta e o infeliz obsediado

tomba a garrafa e cai; o algoz vizando outro parceiro

deixa-o estorcegando-se sob a mesa, em convulsão.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 25/08/2007
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