Mar desconhecido

Frente ao mar, quando o tempo ainda é cedo,

para um vulto de olhar soturno e baço,

trazendo ao peito um íntimo cansaço

e alma presa ao grilhão de algum degredo.

Quer desvendar-lhe o sal, dúbio segredo,

ora a desova abre da vida o laço,

ora a areia é um bordado de sargaço,

mas apenas compreende o próprio medo.

Vem de longe, de um porto já perdido...

É um náufrago de extinta caravela

buscando o seu eu, mar desconhecido.

Vai, é hora de vencer qualquer procela!

Esquecer perdas - pedras sem sentido!

Conquiste o mar inteiro a tua vela!...

Reginaldo Costa de Albuquerque
Enviado por Reginaldo Costa de Albuquerque em 22/10/2005
Reeditado em 04/04/2010
Código do texto: T62380