Mar desconhecido
Frente ao mar, quando o tempo ainda é cedo,
para um vulto de olhar soturno e baço,
trazendo ao peito um íntimo cansaço
e alma presa ao grilhão de algum degredo.
Quer desvendar-lhe o sal, dúbio segredo,
ora a desova abre da vida o laço,
ora a areia é um bordado de sargaço,
mas apenas compreende o próprio medo.
Vem de longe, de um porto já perdido...
É um náufrago de extinta caravela
buscando o seu eu, mar desconhecido.
Vai, é hora de vencer qualquer procela!
Esquecer perdas - pedras sem sentido!
Conquiste o mar inteiro a tua vela!...