Soneto da Floresta

Anoiteceu e eu não me apercebi

Sou um pouco coruja nessa floresta

Sou meio esquilo que o escuro detesta

Um pouco de tudo sou, anjo e zumbi

O véu da noite encobriu a decepção

Desejo a certeza de uma nova manhã

Na selva escura há caboclos e cunhãs

A Lua não deixa faltar direção

A pupila acostuma com a escuridão

A papila acostuma com a seiva doce

O frio fere na hora da solidão

Então adormeço na grama macia

E sonho que o resgate você trouxe

Para preencher o vazio do meus dias.