Sinfonia do frio

Escuto a sinfonia macabra do frio

uivando no meu ouvido

de tão aguda partiu o porta-retrato vazio

vidros estilhaçados no tapete encardido.

Meus dedos rangem com a caneta na mão

reluzem neles o brilho da lua

tocam nos cacos, todos meu chão

um dia perfeito de bruma escura.

E a realidade é meu pesadelo noturno

minha perspectiva disforme

meu aspecto soturno.

Onde meu cacos de vidro são só cacos

de tamanhos conformes

que refletem apenas quadros opacos.