Dueto
Há noites mais compridas, do que, de costume,
Nas quais, o sono foge da gente,
Então, vem à solidão sem perfume,
E o galo, não canta contente.
Nessas noites, as horas passam devagar,
E a imaginação transforma tudo;
Transforma a cama em mar;
Transforma o sonho, em criado mudo.
Nesta noite, escrevo este soneto,
Mostrando, como ela é importante,
E a convidando, para um dueto;
Para fazer ninar, meu sono errante.
Quando a noite é encantada, logo o galo canta;
Logo a aurora chega, e tudo desencanta.