CLEPSIDRA

O espelho da lua por sobre as águas,

Meus olhos rasgados p´lo espanto,

Veste o rio caudaloso, junto às fráguas,

Vestindo meu pobre ser com seu manto.

O entardecer é já aqui uma realidade,

Gatos que passam levando silhuetas,

E eu perco similar toda a grata idade,

Como a areia fina de mil ampulhetas.

Clepsidra vertical de antigos videntes,

Alquimia unificando gestos rarefeitos,

Ciência experimental de outras gentes.

E assim norteado pelas águas silentes,

Debruço-me das janelas os parapeitos,

Para ver das águas as cores prementes.

Jorge Humberto

27/08/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 30/08/2007
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