GOSTO SALGADO

É assim como um leve desmaio

Na cabeça há pedaços de passado,

Motivo por estar tão cansado,

No peito o coração é tubo de ensaio.

O raciocínio toca no limiar da dor,

Os sentimentos em paredes descoradas,

No jardim da alma as flores amassadas;

Avolumou-se um fim de certo amor.

O mar bebia, no horizonte, a lua;

Ou, talvez, ela se fosse banhar nele.

Minha cabeça comia a verdade crua.

Meus olhos se afogavam no pranto,

Ainda sinto o gosto salgado dele.

Cruel é a dor que faz sofrer, e quanto!