VELHO VULCÃO

Quantas mil vezes, fraco e entristecido,

Sem uma palavra tua que o conforte,

Meu pobre coração, sem um gemido,

Tem se mostrado ser alegre e forte.

Outras mil vezes, beirando a morte,

Por duras punhaladas tuas, ferido,

Procura e não acha nenhum sentido

Que ânimo lhe dê ante a negra sorte.

E é assim que, trêmulo, a morrer de frio,

Tem suportado, mudo, o sombrio

Desprezo teu em que tem padecido.

Mas é só ouvir de ti duas palavras

Para outra vez ele explodir em lavas

Como um velho vulcão adormecido!

Aécio Cavalcante
Enviado por Aécio Cavalcante em 14/05/2018
Reeditado em 20/02/2019
Código do texto: T6336127
Classificação de conteúdo: seguro