Madrigal
Enfim, podia ver a musa eleita,
deitada em sesta longa e vagarosa,
onde dormia calma e tão formosa,
aos caprichos da brisa já afeita.
Súbito uma ave, ousada e bem suspeita,
de leve busca, volitando airosa,
revelar-lhe os dois seios cor-de-rosa...
Frutos deiscentes em sensual colheita.
Nos silêncios de plácido moital
contemplava à luz dum pálio que ria,
a criatura mais cândida e ideal...
Era um cenário que maravilhava:
quando a ave bicava ela resistia,
quando ela adormecia a ave tentava...