SONETO ALEXANDRINO SHAKESPEARIANO
Que o tino não te prive o verso olvido
se comovida vá envolver-te em pranto
e as lágrimas te embaçar o encanto
quando meu peito arfar o último gemido.
Libo o tédio mortal do cruel desencanto,
embriago-me c'o a taça do sacro pranto
do travoso absinto e desdém carpido.
Quando ao assédio em que espreitam as parcas,
tanjo a lira e canto meu verbo forte,
no solar de Hades ante o perfil da morte
roubo a imortalidade do bardo Petrarca.
Entoo raras rimas ricas soberanas,
em rumo ao recanto e remoto nirvana.