SONETO ALEXANDRINO SHAKESPEARIANO

Que o tino não te prive o verso olvido

se comovida vá envolver-te em pranto

e as lágrimas te embaçar o encanto

quando meu peito arfar o último gemido.

Libo o tédio mortal do cruel desencanto,

embriago-me c'o a taça do sacro pranto

do travoso absinto e desdém carpido.

Quando ao assédio em que espreitam as parcas,

tanjo a lira e canto meu verbo forte,

no solar de Hades ante o perfil da morte

roubo a imortalidade do bardo Petrarca.

Entoo raras rimas ricas soberanas,

em rumo ao recanto e remoto nirvana.

Lobato de Andrade Iran Lobato
Enviado por Lobato de Andrade Iran Lobato em 18/07/2018
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