Soneto II - Os doces anjos voam, contemplando
Os doces anjos voam, contemplando
E lá no alto, creio, ficam rindo
Ao ver meu coração ao Céu subindo
As nuvens e as estrelas transpassando,
E um ao outro, então, vai perguntando
o por quê ele 'stá assim se consumindo
num eterno fogo vivo e infindo
que o próprio Inferno faz ir se abrasando.
O jovem deus do Amor que repousava
ouvindo-lhes falar lhes respondeu
mostrando entre os lábios um sorriso:
Um dia, quando, alheio caminhava
Viu u'a dama tão formosa, que esqueceu
que tinha dono, lar, paz, calma e juízo.