O viajante

Há certo medo no ar, nos olhos, nos

Gestos... uma sombra que se dissemina,

Insistente e calma pela planície dos

Mundos, como veneno que nos contamina.

Como se a morte, com anjos infiltrados,

Cercasse nossas vidas e nossa sina,

À espera do instante em que, desavisados,

Pisássemos, sem saber, a destrutiva mina.

Essa sensação de sonolência e tranquilidade

É apenas um disfarce para o fim

Imediato, previsto como um viajante,

Que caminha, lentamente e sem saudade;

E seus passos, cansados, já estão pelo jardim.

Ele baterá na porta a qualquer instante.

João Barros
Enviado por João Barros em 24/07/2018
Código do texto: T6398662
Classificação de conteúdo: seguro