Soneto VIII - P'ra contemplar p'ra sempre um raio esquivo
P'ra contemplar pra sempre um raio esquivo
Chamou-me uma noite doce e amena
O Amor que os pés e ombros de asa empena
Pra voar ao Céu terceiro ainda vivo
Dizendo-me: vês tu este anjo vivo
Que enche de miséria à grande Atena
E a Lua e o Sol de inveja plena
E cada estrela à luz do céu altivo.
Por esta criatura soberana
Convém que gastes anos suspirando
Ardendo em mil centelhas de ardor
Por ela passarás a vida amando
Numa paixão profunda e desumana
Até que morra enfim de tanto amor.