A MORTE DA POESIA

Encontra-se o tempo, este palhaço,

oculto no amor das mãos escritoras.

Enquanto fenece-se a turva flor do Lácio,

perdem-se na memória as vozes criadoras.

Agora que é tudo um instante fotografado,

com solecismos de surpreendente espanto,

não há lugar para o reflexo eternizado

do verso medido para servir ao canto.

Fala-se do poeta morto tal comadre

que em genial arroubo pronuncia o improvável.

A necrofilia injusta que aos parvos cabe,

Ultraja a palavra com dissonância detestável.

Resigna-se o artesão, em sua revolta calada,

pois tudo que é feio e mau, há de voltar ao nada.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 24/07/2018
Reeditado em 24/07/2018
Código do texto: T6398888
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