Soneto XVI - Eu ardo como em febre, eu ardo como em chamas
Eu ardo como em febre, eu ardo como em chamas
Quando a alma minha atinge intensamente
Aquela doce luz resplandescente
Que aos homens causa espanto e inveja às damas
Oh alma que ardendo inda te inflamas
Eu vejo abrir-se santa e puramente
O niveo céu de Cípria e docemente
Descer o Amor envolto em ígneas flamas
E antes que eu possa agir ou me esconder
Ele vem e te rouba de mim
Voando ao lar sagrado de onde veio
Oh alma minha que posso eu fazer
Com estas mãos mortais a um serafim
Se a minha força é puro devaneio?