Soneto XVII - Vela-me, noite e dia, o coração

Vela-me, noite e dia, o coração

O amor como um cego sentinela

E a ninguém deixa entrar senão aquela

Que a fronte sua tem já posta ao chão.

E não somente dá-lhe a permissão

Mas tremendo ante a sua face bela

Entrega a áurea chave à posse dela

Que da alma abre o safaro portão

Oh amor fiel traidor dos iludidos

Como o sol entre o cristal mostrais agora

Quão fácil é enganar a quem confia

Vinte anos te entreguei os meus sentidos

E a vida, juntamente, de hora em hora

E vós me enganastes num só dia.

Marco Fabricio
Enviado por Marco Fabricio em 28/07/2018
Código do texto: T6402684
Classificação de conteúdo: seguro