Soneto XVIII - Como naquela noite amargurada

Como naquela noite amargurada

N'água fria, em puro fogo ardendo,

*Leandro a sua vida ia perdendo

Por amar mais que a vida a sua amada

E usando já de força desusada

Contra a chuva, o vento, a onda e o mar horrendo

O ar lhe falta e vai desfalecendo

E morre pouco antes da alvorada.

Dest'arte contra a vaga furiosa

Deste incauto mar de sangue e pranto

Resisto quase além da humana dor.

Que para ver a tua face graciosa

Comovo a *Leandro e a *Hero e a tudo e tanto

E o mar, a morte, a vida e até o Amor.

*Leandro e Hero: Conto de amor da mitologia grega.

Marco Fabricio
Enviado por Marco Fabricio em 28/07/2018
Reeditado em 28/07/2018
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