SAUDADE
Ao recolher o corpo em confortante
Banco de praça, à beira do caminho,
Sinto o soprar da tarde de mansinho
Cochichar sobre um tempo já distante.
Nesse momento doce e delirante
Torno-me igual ao inseto cujo ninho
Deixou num galho seco... Estou sozinho,
A pressentir oculto acompanhante.
E a presença esquiva se aproxima
Parece alguém a quem se tem estima,
Embora o nome fuja da lembrança.
- Quem és? Contendo o susto que me invade
Pergunto e ouço: - Às vezes, sou saudade
E de quem ainda crer, a esperança.