MIRAGEM

Este gemido envolve tanto do que tenho

no coração amolecido, entregue ao sonho

de te abraçar mais uma vez e ver, risonho,

em nosso quarto o que em delírios meus desenho.

Desde a partida tua, amor, sofrendo venho,

extravasando um pranto fúnebre, enfadonho.

Recordações recolho várias e me ponho

a fustigar as emoções... Cruel desdenho!

Da madrugada a gelidez devagarinho

açoita o corpo e, sem poder fugir, apanho

largado numa bolha inóspita sozinho.

Esmorecido, as minhas súplicas entranho

na imensidão assustadora do caminho

onde miragem me apareces. Tão estranho...