Soneto XX - De todas raridades, a mais rara
De todas raridades, a mais rara
De todas as belezas, a mais bela
Tal que vendo a graça e a glória dela
a própria Perfeição a invejara.
Uma deusa da cor da neve clara
descida entre as nuvens tão singela
não há quem possa um dia olhar pra ela
E chamar ainda de sua a vida cara.
Tem ela um olhar santo e distinto
De fazer o abismo cintilar
E a densa escuridão resplandecer
E o mel tornar amargo e doce o absinto
E o Céu tremer e o Inferno se acalmar
E a Lua encobrir e o Sol escurecer.