Soneto XXI - Quando o Amor sagrado à terra inclina
Quando o Amor sagrado à terra inclina
o olhar ao servo seu que odeia e ama
e pelo ar sutil a voz derrama
clara, suave, angélica, divina
e tomando em mão a seta cristalina
envolta em fogo santo e viva chama
dispara contra o vento que se inflama
ao peito que de longe a já destina
O coração, em prantos, se quebranta
no âmago secreto dos sentidos
onde nasce o desejo e o pensamento.
E a seta ardendo ainda em fúria tanta
abala os espíritos rendidos
que morrem e renascem num momento.