Soneto XXI - Quando o Amor sagrado à terra inclina

Quando o Amor sagrado à terra inclina

o olhar ao servo seu que odeia e ama

e pelo ar sutil a voz derrama

clara, suave, angélica, divina

e tomando em mão a seta cristalina

envolta em fogo santo e viva chama

dispara contra o vento que se inflama

ao peito que de longe a já destina

O coração, em prantos, se quebranta

no âmago secreto dos sentidos

onde nasce o desejo e o pensamento.

E a seta ardendo ainda em fúria tanta

abala os espíritos rendidos

que morrem e renascem num momento.

Marco Fabricio
Enviado por Marco Fabricio em 04/08/2018
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