À DERIVA

Navegando em coléricos mares,

sob açoites de graves procelas,

vejo o vento romper minhas velas,

agigantam-se lutas, pesares.

Estremecem-me vigas, pilares!

Aprisiono-me em álgidas celas.

Adiante, voragens, aquelas

em que irei respirar féleos ares.

Ao balanço das águas ferozes,

ao capricho de insanas rajadas

os meus sonhos entrego, perdido.

Na esperança de ver meus algozes

libertarem da dor as jornadas

à deriva, vagueio aturdido.