Soneto XXII - Se tão somente a face nívea e nova

Se tão somente a face nívea e nova

Que os olhos meus encharcam de brandura

E os transformam numa eterna fonte pura

Aonde o amor bebendo se renova

E o riso seu que é santa e justa prova

Que existem, sim, milagres lá na altura

E os lindos olhos, reis da formosura,

Os quais me tem por entre o Céu e a cova.

As noites minhas cheias de dor tanta

De comover 'té mesmo o rude inferno

Em sonhos soberanos me alcançassem

Pudera ser que a paz que a mágoa amanta

E a calma, antes posta, em sono eterno

Em um momento só ressuscitassem.

Marco Fabricio
Enviado por Marco Fabricio em 06/08/2018
Código do texto: T6411490
Classificação de conteúdo: seguro