Soneto XXIII - Quando o Amor me mostra, docemente,
Quando o Amor me mostra, docemente,
a linda face tua em pensamento
parece que o terceiro firmamento
se abre em glória pura e incandescente
e c'uma espada envolta em fogo ardente
descendo o sacro Amor em mim atento
o coração me abre e em um momento
liberta a alma presa eternamente.
Voando, então, quão ele deseja
em suas asas de ouro celestiais
chorando deixa a ver-te os olhos sáfaros
Pois faz o Amor em mim com que de inveja
eu a todos mata, em terra os mortais
e por sobre o Céu, anjos e pássaros.