Soneto XXIV - Quando ouço-te falar tão docemente

Quando ouço-te falar tão docemente

Como um santo coro d'anjos tão perfeito,

Em mim começa um raro e estranho efeito

Nunca antes visto em ser vivente.

A alma adormecida, de repente,

Desperta e quer sair do humano peito

Deixando o coração a sós sujeito

Ao deus que'o aprisionara eternamente.

E pelos ares, vai, a cada instante

seguindo o doce som da tua voz

Louca, apaixonada e sem maneira

E achando, então, sua dona estonteante

Dela ouve em tom suave e atroz:

Por mim suspirarás a vida inteira!

Marco Fabricio
Enviado por Marco Fabricio em 06/08/2018
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