PRIMAVERA

Que clara água cristalina,

Enche-me os ouvidos de borbulho,

Bate sem doer e desatina,

Num piscar de olhos caiu-se o mundo.

É a chuva que principia menina,

Soando bela como crepúsculo,

Aos ouvidos torna-se sinfonia,

Mas furor para o moribundo.

Que beleza ver os respingos nas alquisórias,

Seguido da brisa que nos beija outrora

É divino além do explicável,

Encanta, hipnotiza os olhos,

Depois sobe a alma, arrepia os poros,

Deixando-nos involuntariamente apaixonados.