SE, SOMENTE SE!

Se já não vago em ti com olhar sereno,

se a brisa em teu perfume não me ilude,

se os lábios não despontam a quietude:

o amparo dos pensares nunca enceno...

Se o meu sonho é lerdaço, eu me condeno,

se o pélago do peito se faz rude,

se olhar teu corpo nu me desilude,

o que pensar, fazer, eu me enveneno?

Não quero olhar, sentir, voz que me ensine,

nem beijo delicado que obstine...

Não devo eu incitar céu tão vermelho?

Se eu toco em teu semblante, não me iludas!

Meu leito é feito em pérolas miúdas

e em minha alma se encontra o vosso espelho!