Sobre anjos e pessoas

(Variação sobre um tema de Mario Quintana)

“Que horas são?” Meu Deus, não sabereis

por que, entretanto, ides questionar isso...

Acordar cedo... e mais um compromisso...

A vida não desperta em ponto às seis...

Ó vida, não tens pressa enquanto dormes...

Deixai-a! Impedi que eles a acordem!

Vede, fora da pretensa desordem:

a vida e a morte hão de sorrir (enormes).

No céu, a língua de anjos querubins

nem compreende as horas que a terra afunda

nos seus sustos de homens vãos e mulheres

idas nas esquinas boas e ruins

por onde passa um desgosto que abunda:

“Quanto mais tu trabalhas, mais te feres...”