Descompasso
Para as coisas da vida não tenho tanta pressa mais
Pois sei que ela é eterna e a morte passageira
O tempo, célere e constante, não repara nos ais
Que dizemos a todo instante e de toda maneira.
Somos átimos e queremos na existência,
Ser macros cada vez maiores e mais vazios
Que perdem, crescendo, a divina essência
Da qual somos parte, tal qual gotas nos rios.
O tempo não para e, se não podemos estacionar,
Também não podemos sequer alcança-lo;
Então, qual o porquê da vida que estamos a levar?
É preciso ir com calma e observar cada halo
Que circunda os astros do infinito espaço
E, olhando-os, encontrar o que se perdeu no descompasso.
Cícero – 21-08-18