Soneto XXVI - É pouco uma só alma, pouco uma só vida
É pouco uma só alma, pouco uma só vida
Pouco um só corpo, pouco um coração
P'ra arder no fogo eterno da paixão
que a própria Morte tem já consumida
E é pouco a eternidade e desvalida
P'ra dar tudo o que tenho à rendição
E pedir da vida minha, compaixão,
Que para amar-te apenas foi nascida.
Pois não me vale o ar que eu respiro
Nem estes pobres versos que componho
Com a mão que sangrando alívio lavra.
Nem me vale este último suspiro
Pois sem ti o amor é só um sonho
E a vida nada mais que uma palavra.