Soneto XXVIII - A alma tenho já tão consumida
A alma tenho já tão consumida
Por dar à minha amada o pensamento
Que basta que me tome um só momento
Pra que eu perca o juízo e quase a vida
Amor sabe que ela é guarida
De toda a minha paz e meu tormento
E do canto suave e do lamento
que entoo já com a voz enrouquecida.
Quando a vejo, começa-me um tremor
O rosto sutilmente empalidece
E a vida quase parte de seu véu
A alma saindo quase aparece
E se agarra junto às asas do Amor
Que a leva eternamente para o céu.