Soneto XXIX - Com tal poder me toma e enleia.
Com tal poder me toma e enleia
O Amor por quem não vale estar armado
Que se eu, em versos, canto o meu cuidado
Nao há alma ou mente alguma que me creia
E sinto em mim arder de veia em veia
Um fogo tão sutil e delicado
Que se vê suavemente revelado
Em cada vil sentido em que se ateia.
Oh vede como o Amor me mortifica
Num dia tece asas e me eleva
Depois me tira o céu e o torna em inferno
Uma hora me afaga e vivifica
Noutra me aprisiona em escura treva
N'alma pondo um Sol divino e eterno.