Soneto XXIX - Com tal poder me toma e enleia.

Com tal poder me toma e enleia

O Amor por quem não vale estar armado

Que se eu, em versos, canto o meu cuidado

Nao há alma ou mente alguma que me creia

E sinto em mim arder de veia em veia

Um fogo tão sutil e delicado

Que se vê suavemente revelado

Em cada vil sentido em que se ateia.

Oh vede como o Amor me mortifica

Num dia tece asas e me eleva

Depois me tira o céu e o torna em inferno

Uma hora me afaga e vivifica

Noutra me aprisiona em escura treva

N'alma pondo um Sol divino e eterno.

Marco Fabricio
Enviado por Marco Fabricio em 16/09/2018
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