Quatro Sonetos de Amor Profundo

I

Amo-te quanto em alto, largo e profundo

Minha alma alcança, quando transportada.

Sente alongando os olhos deste mundo

O seu belo ser, a graça mais amada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo,

À luz do sol, na noite sossegada.

E é tão pura a paixão que me inundo

Quanto o pudor dos que não podem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas,

Com sorrisos, com lágrimas de prece

E a fé da minha infância ingênua e forte.

Amo-te nas coisas mais pequenas

Por toda vida. E assim, se Deus quisesse

Ainda te amarei depois da morte.

II

Ama-me por amor do amor somente.

Não digas: Amo-o pelo olhar,

Seu lindo sorriso, seu falar

Honesto e brando. Amo-o porque se sente

Minha alma em comunhão constantemente

Com a sua. Porque pode mudar isso tudo

Em si mesmo, ao transcorrer do tempo

Ou para ti, tão só e unicamente.

Nem me ames pelo pranto que a bondade

De tuas mãos enxuga, pois se em mim

Secar, para teu conforto esta vontade

De chorar, teu amor pode ter fim!

Ama-me por amor do amor, e assim

Me hás de querer por toda a eternidade.

III

Te amo como se ama o mundo

Em teu beijo infinito e apaixonante

Que se revela mais intenso e profundo

Na medida em que sou amante.

Como te amo, e como te desejo

Que de te amar tanto penso

que força e ardor existe em teu beijo

ardente, fruto de teu querer intenso.

Te amo e tu me amas, mais nada.

Somente por te amar velejo

Nos mares de teu colo, minha morada

Doce porto onde encontro minha amada

Larga praia sossegada onde me arquejo

Sendo seu peito minha última estada.

IV

Ama-me por fim, de todo coração sinceramente

Como se não tivesse sido até agora

Meu coração todo teu inteiramente,

Vagando entre paixões mundo afora.

E tão somente pelo ato de se amar

Que mais te amaria se me despojasses

Agora, sem medo, sem receio, sem pensar

No momento que ansiosas aguarda

Por toda vida, como um despertar

Que o sol preparou para ti

Minha adorável senhora.

Ama-me por puro desejar

De teu doce e vasto coração,

Que mesmo frágil não se cansa de amar.

Alex Carvalho
Enviado por Alex Carvalho em 10/09/2007
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