Derradeiro instante

Deitado no colchão rasgado e duro,

as costas já não doem como dantes.

Palco que, se raro play ground a amantes,

deu vez a longas noites de esconjuro.

Velas iluminam o quarto escuro.

Rostos conhecidos ou mais distantes,

que dão ares de festa aquele instante,

aglomeram-se unidos num murmúrio.

A prece que escuto, nem sei se escuto...

Ecoam bocas desse ou doutro mundo.

Monocórdio lamento que traz calma.

Em mim palavras parecem de luto.

Enquanto pela eterna ausência afundo,

vão-se um último suspiro e minh’alma!

Fonseca da Rocha
Enviado por Fonseca da Rocha em 08/11/2018
Reeditado em 09/11/2018
Código do texto: T6497479
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