- Hoje sou um jarro velho!

Deixas-te me de lado como se fora qualquer jarro,

No alto da prateleira de um quarto frio de empregada.

Espero que um dia quando o tempo for seu aliado venha,

E tire-me decima desse amontoado de cacarecos sujos.

Passe-me uma esponja para que eu possa voltar a brilhar.

Você sentirá e percebera que será melhor manter-me limpo

Do que largado e sujo enferrujado e sem brilho na prateleira.

Ficarei quieto e obstativo no fundo do quarto naquela prateleira.

Um dia quando entrares haverá de me saudar muito chorosa...

Simplesmente me encantarei e cairei ao chão formando cacos.

Cacos do que passou e ao juntarem todos tu perceberas, sim.

Que nunca haverá de encontrar as palavras gravadas em mim.

Na linha do tempo em que deixei de pronunciar, quase todas.

Então a tristeza haverá de tomar os seus dias mais negrumes.

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LAURO PAIXÃO
Enviado por LAURO PAIXÃO em 11/12/2018
Código do texto: T6523953
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