PASSAGEIROS

Numa viagem sem ter para onde

Chegar, cabendo a escolha ao destino,

Seguimos ao futuro sem o tino

Do que o instante próximo esconde.

E por mais que o tempo e o lugar sonde

Cada um de nós é sempre um peregrino

Sem saber onde está e em desatino

Pergunta o que ninguém nunca responde.

Às vezes, abeirando a rés da nave,

O precipício é o universo grave

E escuro onde queremos nos jogar,

Talvez porque nos cansa a servidão

De mantermos a mente presa ao chão,

Enquanto a nave vaga pelo ar.