AUSÊNCIA

Para dizer que, ainda, se está vivo

Há muitos instrumentos para uso.

Pode até um ser fácil e outro confuso,

Com teclas de memória e bip ativo.

E mesmo sob o peso aflitivo

Do mais remoto canto em outro fuso,

Não sendo o esquecimento um intruso,

Há sempre uma saudade de motivo.

Mas se o silêncio dura e o telefone,

Não toca nem as cartas têm o nome

E o endereço de onde me confino,

Não culpo pela ausência o instrumento

Porque, decerto, só o esquecimento

Tem na sua lembrança o meu destino.