Alisson, dos doze aos catorze
O tempo passa mas a carne é concreta
Minhas feridas são as mesmas de amanhã
Porque foram feitas pela faca tão reta
Que de linha fez curva e nós a criamos sã
Eu que de tão viva pensei até que existia
Pois eu não via que era espelho de mim mesmo
Insisti nesse pecado dessa euforia
Fui de modo plana como só é um espelho
Vejo teu olho olhando o meu feito ferrolho
Pelo qual se vê e se muda meu mundo
Libertando o que Prometeu viu em seu olho
Faço esse soneto com o sangue da veia
Acorrentada às lágrimas de mar profundo
Só não o torne um belo canto de sereia