MINHA TERRA, RICHIAMO (soneto)

Ah! Quem há de gabar, recordação impotente e escrava

O que o presente diz, o que a saudade escreve?

- Cutucas, sangras, pregadas nas lembranças, e, em breve

Olhas, desfeito em espanto, o que te encantava...

Passou, andou, e é num veloz turbilhão, a ilusão forjava;

Ilusões. Um dia na inocência, hoje já não mais serve,

A forma, e a realidade espessa, a lembrança leve,

De pureza, canduras, numa quimera que voava...

Quem a prosa achará pra poetar o conteúdo?

Ai! Quem há de falar as saudades infinitas

Do ontem? e as ruas que omitem e agiganta?

E o suspiro muda! e o olhar surdo! o andar mudo!

E as poesias de outrora que nunca foram ditas?

Se calam nas recordações, e morrem na garganta...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

20 de janeiro, 2019 - Araguari, Triângulo Mineiro.

Olavobilaquiando

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 20/01/2019
Reeditado em 30/10/2019
Código do texto: T6555406
Classificação de conteúdo: seguro