PASTORAL (homenagem à Ângela Gasparetto)
Vim lá, de Careaçu,
Da altiva Minas Gerais,
De relevos colossais,
Para erguer Itaipu...
Da fartura do meu solo,
Em aval à residência;
Tranqüila como a cadência
Compassada do monjolo.
Do extenso arroio cantante,
A acalentar as campinas;
À ametistas, turmalinas,
Topázios, ouro, brilhantes.
Dos cafezais verdejantes
E da esmeralda mais rara;
Do límpido diamante,
Oculto na grupiara.
De cada densa floresta,
Balsâmica, circular;
Acolhedora, outro lar,
Da passarada em festa.
Vim lá, de Careaçu,
Acompanhando o Rio Grande;
E por mais que a gente ande,
A baliza é Itaipu.
Culminando a Engenharia,
Na construção da barragem,
Da perfeição, dou-lhe a imagem,
Com geração da energia.
Itutinga concluída,
Com Três Marias no encargo:
Eis-me à Furnas, sem embargos,
Com outras a ser erguidas.
Pois, nesta tarefa ingente,
Desde Peixotos, Funil:
Reveja-me competente
Nesta abrangência ao Brasil.
À montante, sempre o rio,
Caudaloso, entre montanhas;
Represado, já sem manhas
De indomável, bravio.
Sou pacato, mas valente,
Como água que se avoluma:
Presa é lago, livre, a espuma,
No destemor da corrente.
Domado por minhas mãos,
Note o Grande, poderoso;
Em Colômbia, majestoso,
Ao Prata, na imensidão...
E neste lidar constante,
De barrageiros se impondo:
Graduei-me em Marimbondo
E como ela mais vibrante:
Visão ao Paranaíba,
Por Volta Grande e Jaguara,
Elevado à Itumbiara,
Ao Paraná, nestas ribas.
Concluída São Simão,
Recente à Água Vermelha;
Perene, brilhe a centelha,
Desta minha profissão:
Sempre um novo desafio,
A colocar-me frequente,
Na obra que se apresente,
No curso descendo o rio.
Jupiá me reste agora,
Fluente à Ilha Solteira;
Promovendo-me em carreira,
À tantas iguais, de outrora...
E vislumbrando o estuário,
Já por mais que a gente ande:
Vou querer-me à Ilha Grande,
Portento neste ideário.
Deixei a terra natal,
Crescendo com a correnteza;
Fecundando-lhe a rudeza,
Neste imenso potencial.
Vim lá, de Careaçu,
Destas obras colossais,
De infindos mananciais,
Destinado à Itaipu.