Soneto do Renegado

As rugas que envelhecem meu rosto

É da incerteza inquietante em meu coração

Que me fez se afogar no mar da procrastinação

Nesse profundo esgoto fétido do desgosto.

Os dentes cariados, minha palidez estranha

A muito tenho sentido a falta de cuidado

Mas na imensidão dos outros fui obliterado

E tateado com a marca da vergonha.

Não tenho mais uma calma mansa

Minha alma a cada chance descansa

De cuidar desse corpo, que nada possui.

E nessa chuva, que cai sem piedade

Consegui chegar no sereno da idade

E vislumbrar relampejos do que fui.