Soneto Crepuscular

A tarde que agora cai tão lânguida e tão vermelha

Anuncia o que está por vir: noite calma...

Com inédito rubor, de dor o horizonte centelha -

Enquanto varre cada esquina vadia da minha alma.

Logo se faz acompanhar de sedosa cortina fina,

Que tristemente paira com suas névoas de água,

A gotejar espúrios respingos de chuva molhada e fria,

Escorrendo na rua vazia - inunda o meu palácio de mágoa.

Marcha lenta, com paciência e formosura únicas,

Essa noite de vileza, vandalismo e violação -

Fitando-me nos olhos, ela julga, censura e reprova.

Para experimentar a carne: busquei debaixo da túnica -

Para me embebedar de amor: busquei vosso coração -

Negou-me ambos... Mas ainda entrego flores à sua cova!

Necrófago
Enviado por Necrófago em 02/04/2019
Código do texto: T6613926
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