VELÓRIO

VELÓRIO

Ver-me-ão morto no caixão a sorrir

E dirão, talvez, leve lhe foi a vida

Ou as flores que estão a lhe cobrir

Fazem-lhe cócegas na despedida?

Homenagens? Eu não quero ouvir

Nem canto, nem mesmo reza sentida

Cubram-me de cravos brancos e a seguir

Leiam meus poemas na hora da partida

E quando à terra fria eu descer

Muitos olhos marejados hão de ver

Meus versos espalhados pelo mundo

Saberão que fui apenas um poeta

Cuja vida sempre foi uma porta aberta

A viver o sentimento mais profundo.

henrique ponttopidan
Enviado por henrique ponttopidan em 09/04/2019
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