O MORIBUNDO
Esbraveja e vocifera o tempo todo
Contra este, mais aquele e todo o mundo
É um poço de arrogância e prepotência
Mesmo sendo, na verdade, um vagabundo.
Sua arte se perdeu em meio ao lodo
Do rancor que traz no peito, tão profundo
Das pessoas que trabalham e, com decência,
Se diferem deste triste moribundo.
Sua pena, sem prestígio e sem valia
Afastou-se do universo da poesia
E hoje quase nada mais sabe escrever.
E este louco, carregado de rancores,
Vai perdendo seus amigos, seus amores
E sozinho e que um dia vai morrer.