Senilidade
De boca cheia estes jovens de hoje reclamam -
Para eles, parece a juventude tanto delongar;
Violentamente, infantes rechaçam, negam e difamam
A sagrada infância, na esperança de vê-la acabar.
Mal sabem eles, porém, que num repentino estalar
De dedos, damo-nos conta: cá já estamos acabados -
E o que nos resta é viver a ver tudo terminar
Enquanto saudosos dos idos tempos abandonados.
É normal: não nos entristecemos,
Só quando velhos é que percebemos -
A infância perdida todos sofrem.
Mas antes alcançar a terceira idade,
Sucumbir senil de debilidade,
Do que ter morrido jovem!