MÁGOAS
A minha mágoa hoje é cinza pálida;
O choro que me és quase mudo.
Nos crisântemos de ternura cálida,
Murchou as pétalas antes de veludo.
A minha mágoa é rio que transborda;
Noite fria, noite que rouba-me os dias.
Minh'alma em luto, de ti, recorda...
São verões sem sóis, madrugadas frias.
Ando a vagar pelos cais em tristeza,
Na face, as agruras do amigo tempo
O atroz tempo que robou-me à beleza.
Tenho as mágoas de todos os mortais;
Sobre o peito um cemitério de poetas
Toda poesia morta dos versos essenciais.