Ofídica

Todo poder que tu tens não te faz

Humana. Teu peito abriga o sombrio

A graça, antes tua, aqui triste jaz

Tua voz suave um veneno frio

Língua bifurcada a fingir dulçor

Maciez na voz a maior das mentiras

Aos que te bajulam, riso e calor

Nos outros injetas teu ódio e ira

Ver-te rastejando e armando o bote

Não penses que temo. É dádiva. Sorte

Conhece o outro e a ti, aprendemos

Com riso no canto da boca, ó cobra

Discípulos somos. O riso a ti volta

E hemos de ver-te provar teu veneno